
Saiba tudo sobre contraordenações por uso de telemóvel e evite multas enquanto conduz.
Relacionado com um dos comportamentos de risco, ao longo desta semana voltou a ser destaque o tema do manuseamento do telemóvel durante a condução e o agravamento das penalizações, quer ao nível de coima (podendo chegar aos 1.250 euros); quer em termos de sanção acessória – ao invés de perder-se 2 pontos passará a ser penalizado com a retirada de 3 pontos.
Apesar de ser evidente que o telemóvel é uma fonte de distração, a questão que se coloca é porque motivo continuamos a insistir no agravamento de penalizações ao invés de se investir na mudança de comportamentos?
Será que os apelos constantemente realizados para o não manuseamento do telemóvel enquanto se conduz através de campanhas de sensibilização são ignorados?
A perda de pontos e inibição de condução não são um elemento dissuasor?
As inúmeras tecnologias e soluções disponíveis para realização de chamadas sem manusear o telemóvel são esquecidas?
Será que a sociedade, que se intitula como de maior consciencialização e responsabilidade, ignora que o manuseamento do telemóvel enquanto conduz põe em causa não só a sua segurança, mas igualmente os outros condutores, os peões e os passageiros que possa estar a transportar?
Infelizmente, e após análise dos números partilhados pela Polícia de Segurança Pública – do período de Junho a Outubro de 2019 – o flagelo do manuseamento do telemóvel enquanto se conduz continua a crescer:
- 11,33% das contraordenações decorre do manuseamento do telemóvel;
- É a 2.ª principal contraordenação registada, apenas superada pelo excesso de velocidade;
- Apresenta uma tendência de crescimento no peso das contraordenações registadas – de 9,83% em Junho evoluiu para um peso de 16,02% em Outubro.
- 47,83% das vítimas perderam a sua vida em acidentes dentro das localidades;
- De um total de 34.235 acidentes com vítimas registadas, 26.513 ocorreram dentro das localidades – 77,44% do total de acidentes;
- E foram registadas, em média, 107 contraordenações por dia por manuseamento do telemóvel enquanto se conduz.
Esta é uma clara demonstração do flagelo que os números traduzem das estradas portuguesas e de como o telemóvel é um instrumento, uma “arma” manuseada diariamente de forma negligente e que coloca em causa a vida de terceiros e do próprio que o utiliza!
Numa era em que a sociedade vive “online”, 24 sobre 24 horas, os 7 dias da semana, em que tudo parece exigir uma resposta instantânea, algo tão simples parece esquecido: uma mensagem por responder ou uma chamada por atender podem ser devolvidas tranquilamente quando estacionar (não é parar!). Já a vida – do condutor ou a de outra pessoa – não permite uma hipótese de responder de volta se for perdida!
Concentração na condução; a utilização do telemóvel somente apenas após a chegada ao destino!
Deste modo é com naturalidade que afirmamos que este agravamento faz sentido e, na nossa opinião, peca por tardio.
Mudar comportamentos, evoluir a mentalidade de uma sociedade demora o seu tempo! Exige investimento, tempo e perseverança!
- de longo prazo;
- que instrua a sociedade para os perigos da “arma” automóvel/motociclo quando utilizada de forma negligente;
- de sensibilização para os comportamentos de risco, suas consequências e da importância de uma condução preventiva e defensiva;
- que abranja todos os utentes das vias públicas – peões e condutores – e de todas as idades: desde os primeiros passos num pré-escolar até ao final das nossas vidas somos utentes das vias públicas: seja como peão e/ou como condutor, temos sempre algo de novo para aprender;
- e envolvendo as entidades municipais, as famílias e as escolas para as particularidades de cada região.
- Uma ação imediata que penalize e alerte para os comportamentos que colocam em risco a vida de terceiros e do próprio infrator;
- E um plano de ação de longo prazo que promova ações de sensibilização e formação transversais às faixas etárias e envolvendo condutores, peões e instituições, com o objetivo de promover o civismo, o respeito e a educação como princípios fundamentais para a construção de uma verdadeira sociedade.