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MultaZero
- Março 4, 2024
A União Europeia enfrenta desafios significativos para atingir metas de redução das emissões de CO2 dos automóveis.
Conforme o mais recente relatório do Tribunal de Contas Europeu (TCE), a União Europeia enfrenta desafios significativos para atingir metas de redução das emissões de dióxido de carbono dos automóveis novos de passageiros, devido à falta de certas condições fundamentais.
No ano de 2021, as emissões provenientes do setor dos transportes ainda representavam 23% do total da UE, sendo os automóveis de passageiros responsáveis por mais da metade. A meta estabelecida por Bruxelas é alcançar zero emissões até 2035.
O comunicado do TCE destaca que, apesar das grandes ambições e requisitos rigorosos, a maioria dos automóveis de passageiros em circulação na UE continua a emitir a mesma quantidade de CO2 que há uma década atrás. O TCE sugere que os carros elétricos podem impulsionar a UE em direção a um parque automóvel com zero emissões.
Pietro Russo, membro do TCE encarregado da auditoria, enfatiza que enquanto os veículos a combustão dominarem as estradas, não haverá uma redução substancial e visível das emissões de CO2 dos carros. Ele ressalta que a eletrificação automóvel da UE é um desafio complexo, e que a verdadeira revolução ecológica só será possível com menos veículos poluentes nas estradas.
Na última década, as emissões dos carros a gasóleo permaneceram praticamente inalteradas, enquanto as dos carros a gasolina diminuíram apenas ligeiramente (-4,6%). Além disso, o avanço tecnológico na eficiência dos motores a combustão foi ultrapassado pelo aumento do número de automóveis nas estradas e pela potência dos motores.
No que diz respeito aos automóveis híbridos, as emissões de CO2 em condições reais são frequentemente mais altas do que as medidas em laboratório. A partir de 2025, será ajustada a proporção de uso de motores elétricos e de combustão para melhor refletir a situação real.
O relatório também destaca a importância da acessibilidade dos preços dos veículos elétricos, pois o custo inicial mais elevado pode levar os consumidores a manter seus veículos poluentes por mais tempo. O TCE afirma que apenas os carros elétricos têm efetivamente contribuído para a redução das emissões médias de CO2.
O documento identifica ainda as dificuldades enfrentadas por Bruxelas para promover o uso de carros elétricos, incluindo o acesso a matérias-primas para a construção de baterias e a falta de infraestrutura adequada para carregamento de veículos elétricos, com 70% dos carregadores concentrados em apenas três países da UE (Países Baixos, França e Alemanha).
Novas medidas para a descarbonização
Os países europeus lançaram uma nova iniciativa para impulsionar a mobilidade sustentável e de baixo carbono: a Estratégia do Comitê dos Transportes Terrestres para a Redução das Emissões de Gases de Efeito Estufa provenientes do setor.
Para a Comissão Econômica da ONU para a Europa (Unece), a adoção desta medida representa um passo crucial nessa direção. A estratégia enfatiza a importância de fortalecer políticas, legislação e medidas de descarbonização, juntamente com a sua monitorização.
O plano inclui metas como promover comportamentos de condução mais eficientes, otimizar o uso de energia, incentivar sistemas de transporte inteligentes e promover a digitalização.
Com cerca de 23% das emissões anuais globais atribuídas ao setor de transportes, dos quais 72% são provenientes do transporte rodoviário, a urgência de ação é evidente. Prevê-se um aumento na demanda por transporte de passageiros e mercadorias até 2050, o que destaca a necessidade de medidas ambiciosas e rápidas para combater as emissões.
A Unece visa mudar a abordagem global do setor, estabelecendo um caminho rumo à neutralidade carbônica até 2050, com base nos instrumentos jurídicos da ONU.
A secretária executiva da Unece, Tatiana Molcean, destaca a necessidade de eletrificação, priorização do transporte público e mobilidade ativa, além de mudanças sociais significativas para alcançar a descarbonização. Cada país deve adotar incentivos fiscais e políticas adequadas para promover essa transição.
Entre as medidas urgentes está o objetivo de alcançar zero emissões líquidas de gases de efeito estufa provenientes do transporte terrestre até 2050. A estratégia enfatiza o transporte público em combinação com a mobilidade por bicicleta e a pé, além de abordar soluções para o transporte de mercadorias em áreas urbanas e melhorias na infraestrutura e operações.
A Unece destaca a importância do diálogo político e da parceria entre governos e partes interessadas, visando uma mudança rápida para veículos de emissão zero e eficiência nas redes de transporte.